A Polícia Civil, por meio da Delegacia de Combate às Organizações Criminosas e à Lavagem de Dinheiro (DCOC-LD), deflagrou nesta quinta-fei...
A Polícia Civil, por meio da Delegacia de Combate às Organizações Criminosas e à Lavagem de Dinheiro (DCOC-LD), deflagrou nesta quinta-feira (16/10) a “Operação Banca Suja”. Esta ação de grande porte tem o objetivo de desmantelar uma complexa estrutura criminosa que atua na exploração de jogos de azar on-line, fraudes contra apostadores e lavagem de dinheiro, esquema que movimentou mais de R$ 130 milhões em apenas três anos na economia paralela fluminense.
Os agentes cumprem mandados de busca e apreensão e outras medidas judiciais na capital, em Duque de Caxias e em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. A operação inclui o bloqueio de R$ 65 milhões em contas bancárias e R$ 2,2 milhões em bens (oito automóveis), além de autorização para o sequestro de outros ativos localizados no decorrer das buscas. O foco central da Polícia é desestruturar integralmente a base financeira do grupo.
A “Operação Banca Suja” se alinha à política institucional de “seguir o dinheiro” (follow the money), atacando diretamente os alicerces econômicos das organizações. A meta é interromper fluxos financeiros ilícitos, proteger consumidores de fraudes, coibir a reciclagem de capitais criminosos e reverter ativos em favor do Estado, atingindo o financiamento de redes e facções com base territorial na capital e na Baixada Fluminense.
O secretário de Polícia Civil, delegado Felipe Curi, enfatizou que a investigação visa corrigir o desequilíbrio competitivo no mercado. "Empresas que operam dentro da legalidade acabam dividindo o mesmo espaço competitivo com estruturas que atuam simultaneamente na legalidade e na ilegalidade. Ao seguir o dinheiro, atacar os fluxos financeiros e descapitalizar estruturas criminosas, a Polícia Civil vai além da repressão direta e enfraquece os alicerces econômicos que sustentam facções e redes organizadas", declarou Curi.
Ligações com Máfia do Cigarro e o PCC
As investigações revelaram conexões significativas entre o grupo e estruturas criminosas de grande porte na Baixada Fluminense, especialmente com a denominada “máfia do cigarro”, conhecida por vastas redes de contrabando, corrupção e financiamento de ilícitos.
Também foi identificada uma ligação de nível interestadual com o Primeiro Comando da Capital (PCC), por meio de empresas que vendem filtros de cigarro e que receberam transferências de pessoas jurídicas ligadas ao núcleo principal da fraude. Esse elo nacional representa um nível de articulação raramente visto no estado.
Para dissimular os valores ilícitos, o grupo utilizava estratégias como empresas de fachada, transferências fracionadas e operações simuladas, pulverizando as transações em diversos ramos de atividade e contas bancárias. Além dos crimes financeiros, os núcleos investigados são suspeitos de ordenar homicídios de concorrentes e desafetos para manter o controle dos territórios e negócios ilegais, elevando o potencial de periculosidade da organização.
O delegado Renan Mello, da DCOC-LD, explicou o mecanismo: “Identificamos empresas que, aparentemente, atuam como de fachada, mas que movimentaram milhões de reais em um período muito curto — de seis meses a um ano — na tentativa de conferir aparência de legalidade às suas operações. Essas empresas se inserem no mercado formal, realizando transações financeiras de volume extremamente elevado e inflado por recursos provenientes de atividades criminosas, o que distorce a concorrência e prejudica o mercado legítimo”.
O diretor do Departamento-Geral de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (DGCOR-LD), delegado Henrique Damasceno, destacou que operações desse tipo, que bloqueiam dezenas de milhões de reais, podem ter os valores revertidos em favor da Polícia Civil, financiando o próprio combate ao crime organizado.
