Horta escolar em Belford Roxo vira terapia e ferramenta de conscientização ambiental

A Escola Municipal Joé Pinto Teixeira, no bairro Recantus, em Belford Roxo, está transformando a vida de seus alunos e funcionários por meio...

A Escola Municipal Joé Pinto Teixeira, no bairro Recantus, em Belford Roxo, está transformando a vida de seus alunos e funcionários por meio do projeto ambiental “O Planeta que desejamos, somos parte da solução”. A iniciativa integra diversas atividades ecológicas, como o cultivo de horta, a fabricação de sabão com óleo de cozinha reaproveitado e a compostagem.

A auxiliar de serviços gerais da escola, Ana Lúcia de Souza, conhecida como “Tia Ana”, é um exemplo do impacto positivo do projeto. Ela relata que as plantas foram fundamentais em sua recuperação após ter contraído COVID-19 em 2020, quando ficou 45 dias entubada. Ao voltar para casa de cadeira de rodas, ela encontrou um pedaço de terra ociosa em seu condomínio e começou a plantar. “No dia que vi a primeira muda brotar, chorei de alegria e agradeci a Deus por tudo”, disse Ana Lúcia, que hoje é monitora da horta na escola e considera a atividade uma terapia.

Reconhecimento e Impacto Pedagógico

Durante as comemorações do “Mês do Meio Ambiente” em junho, o secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Flávio Gonçalves, e a secretária de Educação, Sheila Boechat, visitaram a escola e elogiaram o projeto. “Fico feliz em saber que as crianças e os adolescentes estão se interessando por um planeta mais sustentável. A Secretaria está à disposição para fornecer qualquer tipo de informação que possa agregar mais conhecimentos”, observou Flávio Gonçalves. Sheila Boechat completou: “É um orgulho saber que nossos alunos estão se envolvendo em uma atividade tão essencial em nossas vidas que é cuidar do meio ambiente”.

A professora de Ciências da Natureza, Geise Wyterlin, idealizou o Projeto de Sustentabilidade com base nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODSs). Ela leva os alunos para as aulas na horta, abordando questões teóricas como a relação da horta com o ODS 2 (Fome Zero), o conceito de sustentabilidade, o solo e a produção de adubo orgânico e biofertilizante por meio da compostagem. Enquanto isso, a Tia Ana orienta a parte prática, incentivando os alunos a “colocar a mão na terra literalmente”.

A gestora da escola, Vera Lúcia Martins Oliveira, destacou a melhora no comportamento dos alunos com as aulas na horta. “Agora eles estão com um olhar diferente para o meio ambiente e se animam a cultivar as hortaliças, pois se veem comendo o que plantaram. Muitos não consumiam verduras e legumes em casa, mas comem na escola. Isso é uma transformação”, finalizou Vera Lúcia, ao lado do vice-gestor Ronie de Oliveira.

Outras Atividades e Benefícios

A escola também desenvolve outras atividades que contribuem para a melhoria do meio ambiente, como o reaproveitamento de resíduos (caixas de papelão, caixas tetra pak, cartelas de ovos, garrafas PET) para a produção de jogos como dama e dominó, e o reaproveitamento de cascas de frutas e legumes para a compostagem.

Tia Ana se emocionou ao ver os alunos Jonathas da Silva e Emily Sophia colhendo couve na horta. Ela ressaltou que muitas verduras e legumes colhidos na escola, como taioba, tomate, alface, couve, salsa, coentro e repolho, são orgânicos, sem agrotóxicos, e vão para a merenda das crianças e o almoço dos funcionários. “Aproveitamos e pegamos legumes e verduras para fazer para os alunos também. Aqui utilizamos sabão sustentável, produzido na própria escola”, disse a cozinheira Jorgenete Martins, observada pela também cozinheira Simone da Cruz.

A professora Geise Wyterlin lembrou que a escola possui uma composteira que produz adubo natural e o “chorume do bem”, um biofertilizante rico em nutrientes feito com folhas e cascas de alimentos. “O principal objetivo não é resolver todos os problemas de uma vez, mas sim motivar uma reflexão sobre a importância das nossas 'pequenas' ações para a construção de um planeta melhor no futuro”, concluiu Geise Wyterlin, enquanto o aluno Alef de Jesus, de 9 anos, tirava o chorume da composteira para um vasilhame.