A Polícia Civil, através da Delegacia de Combate às Organizações Criminosas e à Lavagem de Dinheiro (DCOC-LD), e o Grupo de Atuação Especial...
A Polícia Civil, através da Delegacia de Combate às Organizações Criminosas e à Lavagem de Dinheiro (DCOC-LD), e o Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público deflagraram, nesta quarta-feira (30/04), a "Operação Clã Roncalli". O objetivo da ação é desarticular o esquema de lavagem de capitais da milícia que atua na região de Belford Roxo, aqui na Baixada Fluminense.
As investigações revelaram movimentações financeiras vultosas e incompatíveis com as rendas declaradas dos investigados, ocorridas em um curto período. A liderança da estrutura criminosa foi identificada como sendo do chefe da milícia que domina os bairros Babi e Sargento Roncalli.
Durante a apuração, constatou-se que o grupo utilizava distribuidoras de gás e empresas de internet como fachada para inserir no sistema financeiro legal recursos provenientes de atividades ilícitas como extorsões, tráfico de drogas e homicídios praticados pela milícia. Estima-se que a organização criminosa movimentou mais de R$ 8 milhões em pouco mais de um ano, sem apresentar capacidade financeira lícita que justificasse esses valores.
Um ponto que despertou a atenção dos investigadores foi a participação de ex-militares das Forças Armadas. Apesar de declararem rendas modestas, entre R$ 1,6 mil e R$ 3 mil, eles realizaram operações bancárias que alcançaram centenas de milhares de reais, com repasses diretos a membros ligados ao líder da milícia.
O esquema de lavagem de dinheiro envolvia não apenas o chefe da milícia, mas também familiares próximos e diversos laranjas, que recebiam valores e contribuíam para ocultar a origem ilegal dos recursos. As investigações também apontam fortes indícios de que parte do lucro obtido com a venda de gás na região e com a prestação de serviços de internet banda larga era utilizada para financiar as atividades criminosas da milícia.
O grupo empregava táticas sofisticadas para lavar o dinheiro, como a pulverização dos valores ilícitos em diversas contas, a realização de depósitos fracionados e a utilização de empresas, parentes e terceiros para mascarar a origem e o destino dos recursos. Os negócios eram apresentados como atividades comerciais legítimas, dificultando o rastreamento dos fluxos financeiros ilegais.
A "Operação Clã Roncalli" tem como objetivo principal desarticular financeiramente a estrutura da milícia, enfraquecendo seu poder de fogo e sua capacidade de expansão territorial. A ação coordenada de inteligência financeira e investigação criminal busca demonstrar que o enfraquecimento das bases econômicas desses grupos é crucial para desmantelar sua atuação armada e o domínio que exercem sobre determinados territórios.