Foto: Divulgação/Internet Ataques dentro de escolas estão se tornando cada vez mais frequentes. Os casos mais recentes foram em São Paulo, o...
Ataques dentro de escolas estão se tornando cada vez mais frequentes. Os casos mais recentes foram em São Paulo, onde um menino de 13 anos matou a facadas uma professora e feriu outras quatro pessoas, e no Rio de Janeiro, que um aluno foi apreendido por planejar o ataque.
Como forma de prevenção, nesta quinta-feira (30/03), o governador do estado do RJ, Cláudio Castro, anunciou uma série de medidas de segurança para escolas públicas e privadas, dentre elas, a criação de um aplicativo com botão de pânico e treinamento para professores em caso de ataques.
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Foto: Márcia Foletto/Agência O Globo |
O novo app, criado pela Polícia Militar, estará disponível para download entre 30 e 60 dias. Através do botão de emergência, a escola poderá fazer denúncias e acionar a PM por meio do 190. O Rede Escola também terá, segundo o governo, palestras, informações e materiais no combate à violência. Além disso, o treinamento dos professores será elaborado pelo Bope e Core, a fim de ensinar estratégias de negociação em caso de ataques.
O anúncio de Castro veio quase uma semana após a apreensão do adolescente, que estava planejando atacar uma escola no Centro do Rio. As medidas tranquilizam, mas não cessa a apreensão dos pais, que temem pela vida dos filhos dentro de um local que deveria ser seguro.
Fátima Rodrigues, de 52 anos, leva e busca seu sobrinho Emanuel, de 10 anos, todos os dias na Escola Municipal José de Alencar, em Laranjeiras. Ela afirma que os últimos ataques mudaram sua forma de enxergar a rotina escolar do menino.
“Fico receosa, com medo, me sinto insegura. O botão de pânico ajuda, me tranquiliza, mas quanto tempo vai demorar desde o acionamento até a polícia chegar? Não dá para esperar muito e deixar acontecer o pior”, ressaltou Fátima, que acredita em uma solução que envolva mais partes: “Só a escola sozinha não consegue entender a fundo o que está acontecendo com os alunos. Para prevenir esses casos, a família tem que trabalhar junto.”
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Foto: Lucas Tavares/Agência O Globo |
Marlucia Silva Barbosa, de 51 anos, se sente aliviada por não precisar enviar os filhos, já adultos, para o colégio. Algo que já foi uma preocupação como mãe, no passado, agora a assusta como aluna. Ela estuda à noite no Colégio Estadual Amaro Cavalcanti e afirma que, diante do cenário que observa nas escolas, sua maior apreensão é em relação aos professores e ao fardo que precisam carregar em sala de aula.
“O que tá acontecendo é assustador, a gente fica horrorizado. O principal problema é que acaba sobrando para os professores e funcionários das escolas. Eu não teria essa profissão, jamais, não quero isso pra mim”.
Nas escolas públicas, o medo está na porta de entrada. A responsabilidade de saber quem entra e quem sai da instituição é dos porteiros, mas não são todas as escolas da rede que dispõem desse luxo. Representando a barreira que separa os perigos externos dos pequenos alunos, esses profissionais se sentem pouco preparados para lidar com o risco, quando ele vem do lado de dentro dos muros da escola.
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Foto: Lucas Tavares/Agência O Globo |
Porteira do José Alencar há dois anos, Thereza Cristina Maximiano, de 63, é, na verdade, merendeira concursada, mas readaptada para a portaria. Ela sente falta da presença de autoridades como a Guarda Municipal, que já foram responsáveis pela segurança e por rondas em frente às escolas da cidade.
“A Guarda esteve em todas as escolas que trabalhei, hoje não se vê mais isso. Me sinto insegura e já tive medo de um ataque desse tipo acontecer. Os adolescentes e jovens de hoje são imprevisíveis, fico assustada”, disse Thereza.
Relembre os casos mais recentes
Na última sexta-feira, um adolescente de 17 anos foi apreendido pela polícia por planejar um atentado contra alunos e professores numa escola do Centro do Rio. As investigações revelaram que o ataque estava planejado para o próximo mês. A operação foi deflagrada após a polícia se deparar com vídeos do jovem publicados na internet em que ameaçava professores e colegas da escola. A ação contou com a Polícia Civil, a Polícia Federal e a Interpol, responsável por fazer o alerta.
Já em São Paulo, um aluno da rede estadual de ensino foi apreendido após matar uma professora e ferir outras quatro pessoas com uma faca, na Escola Estadual Thomazia Montoro, na Zona Oeste da cidade. Novo na instituição, o jovem de 13 anos já tinha tido "problemas com violência" em uma escola anterior, segundo o secretário de Educação, Renato Feder.
Câmeras do circuito interno da escola em que o crime ocorreu mostram o menino entrando na sala de aula com uma máscara cobrindo o rosto. Ele logo parte em direção a uma professora e a esfaqueia pelas costas. Ela cai no chão após os golpes. Elisabeth Tenreiro não resistiu aos ferimentos e morreu.
Via Extra