Depois de dois anos a espera finalmente está chegando ao fim, os desfiles das escolas de samba do RJ começam hoje (20), e a Inocentes de Bel...
Depois de dois anos a espera finalmente está chegando ao fim, os desfiles das escolas de samba do RJ começam hoje (20), e a Inocentes de Belford Roxo é a segunda escola a desfilar na segunda noite da Série Ouro, nesta quinta-feira (21).
O desfile está previsto para começar entre 21h45 e 21h55.
O enredo
A caçulinha da Baixada vai contar a história de uma tradição do carnaval pernambucano: a Noite dos Tambores Silenciosos. Uma festa que há mais de 50 anos celebra a ancestralidade negra.
Essa festa acontece em pleno carnaval. Começa com os tambores do maracatu marcando o ritmo. De repente, a partir da meia-noite das segundas-feiras de carnaval, eles param, as luzes se apagam e começa a louvação aos orixás, com o toque dos atabaques. É o início da Noite dos Tambores Silenciosos, que tem lugar no Pátio do Terço, no Recife, em Pernambuco.
Segundo o carnavalesco Lucas Milato, a escola vai falar justamente sobre o ápice do ritual, quando chega meia-noite e as luzes se apagam.
"Essa simbologia da luz se apagando e do tambor cessando, ela se dá por inúmeros motivos. Pelo respeito à evocação, que vem logo em seguida. Mas obviamente a gente tem também algumas figuras de linguagem. Muito em virtude da opressão, eles para manifestar sua cultura eles precisavam estar em silêncio e com as luzes apagadas para não aparecerem, não serem vistos pelos opressores", contou Milato.
O samba
Autores: Claudio Russo, Tem Tem Jr, Júnior Fionda, Lequinho, Fadico, Marcelinho Santos, Tem Tem Sampaio e Altamiro
Intérpretes: Tem Tem Sampaio, Leleu e Luizinho Andanças
Oyá igbalé Oyá
Sou eu a voz dos Inocentes
Oyá eparrei Oyá
A alma preta se faz presente
Deu meia-noite no Pátio do Terço
O velho endereço de novos tambores
À meia-noite, vestido nas cores da grande nação
No baque virado, remanso das dores
Ecoam clamores por libertação
A escuridão
Acorda o silêncio, acende a paz
É o vento de Oyá que evoca Egum
São meus ancestrais sob o axé de Olorum
Ê Luanda, Luandê
O Ilê da minha raça
Sem corrente, nem mordaça
Que prenderam o passado
Ê Luanda, Luandê
Frente à Igreja do Rosário
Não há culto proibido
Nem há Deus escravizado
Chama Dona Santa, o espelho de Badia
Pra ver Maracatu estremecer a sacristia
Ora iê iê, ora iê iê
Como é bonito, minha mãe, seu abebe
O baque estanca no terço
O chão parece um altar
Clareia, clareia
É Loa de povo preto
É Lua pra vadiar
Vadeia, deixa vadiar
Onde a nossa voz é estandarte
Eu forjei a minha arte
Na justiça de Xangô
Fé reprimida, vidas perdidas
A noite infinda no axé Nagô
Via G1