Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgados nesta quinta-feira (15) indicam que, em 2020, sete cidades do Rio de Janeiro fic...
Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgados nesta quinta-feira (15) indicam que, em 2020, sete cidades do Rio de Janeiro ficaram entre os dez maiores municípios do país com as mais altas taxas de letalidade policial.
O estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) aponta que, nesta ordem, Japeri, Itaguaí, Angra dos Reis, São Gonçalo, Queimados, Mesquita e Belford Roxo, são as cidades com mais de 100 mil habitantes com as mais altas taxas de letalidade em operações das polícias. É a primeira vez que o Fórum divulga dados de letalidade por cidades.
Para chegar aos resultados, o FBSP usou como fonte informações do Instituto de Segurança Pública do RJ (ISP-RJ) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Das sete cidades fluminenses no ranking, quatro ficam na Baixada Fluminense (Japeri, Queimados, Mesquita e Belford Roxo), duas estão na Região Metropolitana (São Gonçalo e Itaguaí) e uma na Costa Verde (Angra dos Reis).
Na mesma relação, a capital fluminense aparece em 33º lugar, com taxa de letalidade policial de 6,2 para cada 100 mil habitantes. Em números absolutos, o Rio é o 1º da listagem, contabilizando 415 mortos durante todo o ano de 2020.
No dia 6 de maio, no Jacarezinho, Zona Norte do Rio, ocorreu a operação mais letal da história do estado. Ao todo 28 pessoas morreram, incluindo um policial civil.
Na Baixada, 'desvio institucional grave'
Ao G1, o oficial também analisou a situação na Baixada Fluminense. Como mostra o levantamento do FBSP, quatro entre as sete cidades do RJ com altos índices de letalidade ficam naquela região. Para ele, isso demonstra que, no RJ, existe uma clara diferenciação na atuação policial.
"O mesmo policial trabalha de formas diferentes em relação ao respeito e aos direitos humanos do cidadão. Isso é um desvio institucional grave que nunca foi corrigido, mas, sim, ignorado e mesmo, por vezes, motivado. Locais como a Baixada são vistos como aqueles em que o 'policial pode trabalhar à vontade'. Ou seja, fazer o que bem entender", disse Souza.
O major destacou, ainda, a história existência de grupos de extermínio na região, que muitas vezes são formados por policiais e ligados à política local. Para ele, a "ausência de uma política criminal voltada à investigação" e a "quase inexistência de controle externo da atividade policial", favorecem o descontrole na Baixada.
O que diz a polícia
Em nota, a Secretaria de Estado de Polícia Militar informou que "as ações da corporação são baseadas em informações transmitidas mensalmente pelo Instituto de Segurança Pública (ISP)".
E acrescentou que "as forças de segurança do estado atuam num cenário complexo, no qual há décadas facções criminosas rivais disputam território de forma extremamente violenta".
Segundo a PM, "apesar de todas as dificuldades, os indicadores criminais divulgados pelo ISP demonstram reduções expressivas e contínuas dos indicadores criminais estratégicos, ou seja, aqueles que mais impactam na vida dos cidadãos".
"No ano de 2020, período do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, a letalidade violenta (soma de homicídio doloso, morte por intervenção de agente do Estado, latrocínio e lesão corporal seguida de morte) registrou uma taxa de 28 por 100 mil habitantes, a menor desde o início da série histórica, em 1991."
Também de acordo com a PM, "no mesmo ano, a taxa de homicídio doloso analisada isoladamente também foi a menor dos últimos 30 anos: 20 por 100 mil habitantes". "Já a taxa de morte por intervenção de agente do estado foi de 7 por 100 mil habitantes, a menor desde 2016."
A Secretaria de Polícia Civil não respondeu ao e-mail da equipe de reportagem.
Via G1