BELFORD ROXO - Na última sexta feira, Marcus Monteiro (historiador e colunista do extra) foi convidado pelo professor Gesse Cintra para al...

Na conversa, a mais curiosa das revelações ficou a cargo do tenente-coronel Klein/defensor do projeto das UPPs: Segundo ele, "os urubus, que antes sobrevoavam as áreas próximas às comunidades ocupadas, estão migrando para a Baixada, por falta de cadáveres que sempre existiam naqueles locais...".
ESTIGMATIZADA
O fato é que os moradores mais antigos da Baixada ainda lembram que, nas décadas de 1960 a 1980, alguns locais como as estradas de Adrianópolis e de Madureira, em Nova Iguaçu, eram pontos de desova de cadáveres, e, devido à demora na remoção, os urubus faziam a festa. Foi neste período que a Baixada se estigmatizou como uma região miserável e violenta. Com o tempo, os grupos de extermínio, o Esquadrão da Morte e o "personagem" Mão Branca, com a ajuda da imprensa, reforçaram essa ideia.
VENTOS DA PAZ
Trinta anos depois, os exilados das UPPS revivem o triste passado da Baixada. Esperamos que um dia soprem novamente os ventos da paz. Como os urubus são protegidos por lei federal, é bom que o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, fique atento, pois poderá acabar respondendo por dois crimes: o primeiro, no Rio, de privar as pobres e (injustamente) mal faladas aves de alimento; o segundo, na Baixada, de causar-lhes uma baita indigestão...
• Marcus Monteiro é historiador e ex-diretor do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac)
• Marcus Monteiro é historiador e ex-diretor do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac)
Caderno Mais Baixada
Jornal Extra
Por MARCUS MONTEIRO