Mãe de um dos meninos de Belford Roxo desabafa: 'Nunca fiquei sem meu filho' — Foto: Reprodução/TV Globo Um silêncio contínuo contra...
Mãe de um dos meninos de Belford Roxo desabafa: 'Nunca fiquei sem meu filho' — Foto: Reprodução/TV Globo |
Um silêncio contínuo contrasta com a dor de mães que estão sem os filhos – e sem informações sobre aonde eles estão – há 182 dias. Mais de seis meses de desespero, sem saber o paradeiro de Fernando, Lucas e Alexandre, os meninos desaparecidos em Belford Roxo, Baixada Fluminense.
"Tem dia que dá vontade até de fazer uma loucura: ir pra rua, tentar achar. Mas eu não consigo mais achar ele, e muita gente ajudou, mas nada! Só trote, só trote [Quero pedir] Para as pessoas não ficarem fazendo isso com a gente, mandando trote, porque é muito doloroso. Eu, Tatiana, queria uma resposta do Lucas, do Alexandre e do Fernando", afirmou ao RJ2 a mãe de Fernando.
É uma rotina de dor, mas também de revolta com as denúncias falsas. A procura pelo trio parece não ter rumo ou fim.
"Já passou meu aniversário, já passou o Dia das Mães... Sem meu filho. Eu nunca fiquei sem meu filho. Ontem mesmo, aniversário da minha sobrinha, e ele não estava pra comemorar com ela. Eu tenho certeza que todo mundo que estava lá sentiu a falta dele, os tios, os avós..."
Fernando Henrique, Lucas Matheus e Alexandre foram vistos pela última vez a caminho da feira de Areia Branca, a três quilômetros de casa, em Belford Roxo, na Baixada. Desde então, as famílias convivem com a expectativa de a investigação da polícia descobrir algo. Mas pouco avança.
Por que não há respostas?
Para o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a Polícia Civil teria avançado nesse e em outros casos se não fosse a falta de investimento em inteligência.
"A gente tem muito o investimento das forças de segurança na polícia ostensiva militar, de confronto, do que na investigação. Historicamente investem na polícia de visibilidade, na Militar, do que na Civil", afirmou Rafael Alcadipani, representante do Fórum.
Seis meses de dor
Em janeiro, parentes dos meninos levaram um homem à delegacia pensando que ele era um suspeito. Mas os investigadores afirmaram que a pessoa era inocente. A informação era falsa.
Em março, o Ministério Público encontrou imagens de câmeras de segurança mostrando os meninos passando na Rua Malopia, perto da feira de Areia Branca.
E no fim de maio, a Polícia Civil prendeu 17 suspeitos da favela do Castelar. Só que a corporação não informou se as prisões estavam relacionadas com o caso. Há mais de um mês, a polícia ficou muda sobre o desaparecimento.
O representante do Fórum Brasileiro de Segurança Pública afirmou que a maioria dos crimes no RJ ficam sem solução por dificuldades enfrentadas na Polícia Civil, que tem por exemplo o menor número de esclarecimento de homicídios.
Enquanto isso, os parentes estão inconsoláveis.
Quem viu ou quem tá, ou que fez essa maldade, eu não sei quem fez, que ajude a gente, mesmo se não quiser botar a cara... [Peço] Para falar onde que tá, ou então filmar. Eu não estou aguentando mais. Eu tenho certeza que a Hana e Camila também não estão aguentando, mas eu – mãe do Fernando – não estou", afirmou Tatiana.
Via G1