Wilson Witzel, governador afastado do Estado do Rio de Janeiro, afirmou nesta quarta-feira, dia 7, que havia uma organização criminosa agind...
Wilson Witzel, governador afastado do Estado do Rio de Janeiro, afirmou nesta quarta-feira, dia 7, que havia uma organização criminosa agindo dentro da secretaria de Saúde. A declaração de Witzel foi feita durante entrevista, minutos antes do depoimento do ex-secretário Edmar Santos, que é ouvido em sigilo pelo Tribunal Especial Misto (TEM). Segundo Witzel, o desvio de recursos não foi comprovado, mas é preciso ouvir todos os participantes do esquema:
— Havia uma organização criminosa agindo na Saúde do estado do Rio de Janeiro, na sombra, e nos depoimentos do Edson Torres e nos depoimentos do Edmar, eu identifiquei, e hoje isso será explorado aqui, quem efetivamente é o chefe da organização criminosa. Não foi ouvido ainda um dos participantes dessa organização criminosa, que segundo depoimento do Edson Torres, essa pessoa, Zé Carlos, foi apresentado ao Edmar para que ele fizesse parte dessa distribuição de caixinha — afirmou.
Witzel confirmou que Edmar Santos foi uma indicação pessoal sua, e disse que não está arrependido. Segundo ele, o fato de ter trânsito com políticos, além não apresentar nenhum bem com valor acima de seu patrimônio contaram para a escolha do ex-diretor do Hospital Pedro Ernesto, da Uerj:
— Indicações de secretário têm o componente técnico e o componente político. O que não pode ter é o componente criminoso, que infelizmente é isso que nós estamos revelando agora. Como a gente pode se arrepender de uma coisa que você não tinha absolutamente nenhuma condição de saber que o sujeito tinha um desvio ético?
O governador afastado, que chegou cedo para a sessão, tentou ganhar tempo após destituir sua defesa. Ele teria discordado do plano apresentado pelos advogados, por isso afirmou que precisaria de mais tempo para conseguir uma nova defesa. O pedido, no entanto, foi negado. O presidente do Tribunal de Justiça do Rio, Henrique Figueira, chegou a sugerir que o defensor público geral do Rio, Rodrigo Pacheco, assumisse, mas encontrou nos autos uma procuração com outros advogados de Witzel que não foram destituídos.
— Houve uma divergência com meus advogados, eles entenderam que não poderíamos seguir por esse caminho, mas eu entendo que é o caminho a ser seguido. Ontem à noite nós entendemos que deveria ser constituída uma nova defesa. Diante disso, eu pedi ao Tribunal um prazo para que esses novos advogados pudessem se inteirar. O Tribunal entendeu que não caberia postergar, que seria uma medida protelatória. Eu discordo, mas plenamente acato. Fui magistrado durante quase 8 anos, e decisão judicial a gente cumpre e discute no processo, e respeita, evidentemente — disse.
Para Witzel, seu governo funcionou em termos de controle. Ele lembrou que existem secretarias com orçamentos maiores que a Saúde, mas que não apresentaram nenhum problema:
— Nós vamos mostrar que o governo não pode ser julgado pelo buraco da fechadura. Nós temos secretarias que têm o orçamento muito maior do que a Secretaria de Saúde. Secretarias de Polícia Militar e de Civil juntas dá R$ 11 bilhões. E até hoje não tivemos nenhum problema. Então, o meu governo em termos de controle funcionou. Nos governos anteriores, o Sérgio Cortes passou oito anos roubando. No meu governo eu tomei as primeiras providências, e estou sendo aqui, vamos dizer, de certa forma, penalizado pela minha transparência.
Via Extra