Lúzia Araújo, moradora de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, compartilhou uma foto feita na noite desta quinta-feira (8), com a água de su...
Lúzia Araújo, moradora de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, compartilhou uma foto feita na noite desta quinta-feira (8), com a água de sua torneira saindo escura e turva. Hoje pela manhã, ela mencionou que a qualidade teria melhorado, mas ressaltou que o problema tem sido constante na região. Desde 2020, a consumidora compra galões para consumo próprio por não confiar na qualidade do serviço oferecido pela Cedae.
"Ontem estava uma situação bem complicada. Já houve vezes que melhorou e piorou depois, então não posso afirmar que foi solucionado. É um absurdo a gente ter que pagar a água nessa condição que sequer dá pra tomar banho. Eu passei a comprar galão de água porque fiquei completamente com o pé atrás, com medo de desenvolver uma doença, ou uma infecção", afirmou.
Lúzia disse ter esperança de que o problema seja solucionado, mas se preocupa com a situação de outras pessoas com problemas semelhantes e que não teriam condições de comprar água mineral.
Além de Lúzia, outros consumidores também relataram que seguem com problemas, mesmo após os reparos recentes feitos pela Cedae. É o caso de Regina Moreira, moradora de Paciência, na Zona Oeste do Rio. Ela disse que a água segue escura e gosto ruim mesmo após a interrupção do abastecimento.
"A situação continua a mesma coisa. O abastecimento aqui passou por uma paralisação há dois dias, e depois disso, a água chegou aqui com um gosto de barro fortíssimo, com um cheiro que parece uma 'mistura de esgoto', eu não sei descrever, é um cheiro muito forte! Eu tentei colocar a minha roupa para lavar, mas é impossível, pois a água está barrenta"
A Cedae foi procurada pelo DIA por e-mail na manhã desta sexta-feira (9) e solicitou que os endereços das pessoas fossem enviados para que a empresa pudesse apurar o motivo dos problemas e realizar as manutenções devidas.
Confira na íntegra a nota da companhia:
"Sobre o caso da consumidora Regina Moreira, uma equipe irá ao endereço para a verificar solicitação. Caso haja outro endereço nos envie para verificarmos.
Como amplamente divulgado, a Cedae colocou em operação nesta quarta-feira (07/04) o novo sistema de bombeamento do Rio Guandu para a Lagoa Grande que irá renovar a água reduzindo os fatores que contribuem para a concentração de algas produtoras da geosmina/MIB. Como ação conjunta, a Companhia realizou manobra de abertura das comportas do Guandu na noite de terça-feira (06/04) para acelerar o processo de renovação.
A operação integra o conjunto de medidas que a companhia vem adotando para controlar a geosmina/MIB – substância produzida por algas que aumentam principalmente devido ao calor, água parada e nutrientes. Importante destacar que a solução definitiva para o problema da geosmina/MIB virá com a obra de proteção da tomada de água da ETA Guandu, que já tem data para licitação: 1º de junho. A intervenção prevê a construção de um dique para impedir que as águas dos rios Ipiranga, Queimados e Poços se misturem às do Rio Guandu. A obra, investimento de aproximadamente R$132 milhões, tem duração prevista de 24 meses.
A Cedae esclarece o que fazer se o consumidor observar:
- Gosto e cheiro na água
Até a renovação das caixas d’água, cisternas e tubulação, ainda pode haver traços de gosto e cheiro. A tendência é diminuir com a reposição. Caso haja alteração em sua casa informe pelo telefone 0800 282 1195.
- Coloração da água
Casos devem ser analisados individualmente. Entrar em contato com a Cedae pelo telefone 0800 282 1195 para solicitar visita dos técnicos. Eles vão fazer uma vistoria e coletar amostra da água para análise, verificando se o problema é interno ou da rede para tomada de providências.
- Falta d’água
Conforme amplamente divulgado, a Cedae realizou operação de manobra no Guandu, a ETA Guandu voltou a operar na manhã de ontem e o abastecimento está em processo de normalização."
População sofre de forma recorrente com problemas de água e abastecimento
Moradores de regiões da capital e Baixada Fluminense têm sofrido com o fornecimento irregular de água e má qualidade do líquido fornecido pela Cedae, que continua com gosto ruim, cor escura e cheiro forte. Na noite de terça-feira (6), a Estação de Tratamento de Água do Guandu (ETA Guandu) foi paralisada para a companhia realizar a instalação de um sistema que busca reduzir a poluição na lagoa de captação de água.
A companhia passa por um processo de privatização que está previsto pelo Regime de Recuperação Fiscal (RRF), assinado em 2017.
Na quinta (8) um projeto de decreto legislativo foi enviado em busca de adiar o leilão da Cedae, previsto para 30 de abril. O presidente da câmara, André Ceciliano (PT), no entanto, deixou a discussão para a próxima semana.
O Ministério Público nesta quinta-feira (6) determinou que a companhia apresente, em até três dias, explicações sobre a reclamação dos consumidores sobre os padrões de potabilidade e fornecimento do líquido no município do Rio.
Os relatos sobre gosto e cheiro da água recebidos pelo MP são do período entre 21 de dezembro de 2020 até o último dia 5. A medida também determina a apresentação de informações sobre o credenciamento e habilitação do laboratório utilizado pela Companhia que monitora a potabilidade da água.