O Ministério da Saúde divulgou nova orientação para os médicos do SUS, permitindo o uso de cloroquina e hidroxicloroquina na fase inici...
O Ministério da Saúde divulgou nova orientação para os médicos do SUS, permitindo o uso de cloroquina e hidroxicloroquina na fase inicial da Covid-19. O uso dos remédios, sem eficácia comprovada, é alvo de críticas de associações médicas.
O Ministério da Saúde já autorizava o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina apenas em pacientes em estado grave e internados. Pelas novas orientações, a indicação da cloroquina e a hidroxicloroquina aparecem associada a um antibiótico. Os pacientes que aceitarem o medicamento terão que assinar um Termo de Ciência e Consentimento que afirma que ‘não existe garantia de resultados positivos e que o medicamento pode, inclusive, apresentar efeitos colaterais’.
O termo afirma ainda que o tratamento pode levar à "disfunção de órgãos, prolongamento da internação, incapacidade temporária ou permanente e até ao óbito”. O Ministério da Saúde afirmou que a nova orientação vai permitir que todos os brasileiros possam ter acesso aos remédios.
“A prescrição desses medicamentos é facultada aos profissionais médicos do país, já disponibilizada pela orientação e pelas considerações do Conselho Federal de Medicina, e o que nós estamos fazendo é oferecer à população brasileira o direito de equidade, que deve ser uma garantia do SUS, ao uniformizar uma orientação para que a gente não tenha doses erradas sendo oferecidas aos brasileiros e que a gente não tenha a orientação dos cuidados que devem ser oferecidos à população para o uso desses medicamentos e os devidos esclarecimentos”, diz a secretária de Gestão do Trabalho e Educação do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro.
Nesta quarta-feira (20), em uma rede social, o presidente Jair Bolsonaro reconheceu, que "ainda não existe comprovação científica”. “Contudo, estamos em guerra: ‘pior do que ser derrotado é a vergonha de não ter lutado.’”
A cloroquina e a hidroxicloroquina são usadas contra a malária e doenças autoimunes, como lupus. Vários estudos internacionais vêm mostrando que não há evidências de que elas funcionem contra a Covid-19.
Apesar da nova orientação, a Sociedade Brasileira de Infectologia não recomenda o uso dos remédios.
“Não existe benefício clínico da cloroquina e da hidroxicloroquina associado ou não a antibióticos. Existe risco sim, pelos efeitos colaterais da medicação, como arritmia cardíaca, alteração no eletrocardiograma, lesão em retina e diarreia”, explica o coordenador científico da Sociedade Brasileira de Infectologia, Sergio Cimerman.
Médicos de várias instituições, como a USP e a Fiocruz, divulgaram uma nota em que afirmam que "cabe ao poder público garantir o bem-estar da população de forma responsável e embasada em conhecimento produzido pela ciência, e não a submeter ao risco adicional de um tratamento sem garantias de segurança e eficácia”.
Via G1.