CEDAE - Os números da falta d’água são altos para alguns moradores da Baixada Fluminense. Mesmo quem não tem rede da Cedae ou não rece...
CEDAE - Os números da falta d’água são altos para alguns moradores da Baixada Fluminense. Mesmo quem não tem rede da Cedae ou não recebe água da companhia tem que pagar caro. Em Duque de Caxias, Belford Roxo e Nova Iguaçu, mais de 500 mil pessoas não recebem água tratada, segundo dados do livro “Sua cidade, sua casa’’, do ex-prefeito Alexandre Cardoso.
O músico Mário Miranda, de 74 anos, mora há 33 no bairro Autódromo, em Nova Iguaçu. A exemplo de outros moradores da Rua Estrela, ele teve que furar em casa um poço artesiano, mas sonha com a rede da Cedae:
— Tenho poço há dez anos. Antes, carreguei muito balde na minha cabeça. Hoje, o córrego é muito poluído. Toda eleição, os políticos prometem a rede da Cedae — conta Mário, que paga R$ 350 pela manutenção do poço em sua casa, a cada seis meses.
Atualmente, o preço cobrado para fazer um poço artesiano no bairro é R$ 3, 2 mil. Alguns moradores fizeram o serviço há menos tempo.
A lembrança de infância do motorista Victor Bernardo dos Santos Silva, de 25 anos, é a da família carregando baldes d’água no carrinho. Ele chegou ao bairro ainda criança, há 20 anos:
— Tínhamos um poço bocão (de manilha), mas a água não era potável. Então, íamos até a Avenida Fuscão pegar água numa tubulação da Cedae. Um ano depois, fizemos o artesiano.
A Rua Estrela não tinha nem esgoto. Há cinco anos, segundo moradores, o serviço foi feito e a rua, asfaltada. Vera Lúcia de Castro, de 50 anos, espera agora ter a rede da Cedae:
— O bom é que a água já viria tratada. Mesmo pagando conta, seria melhor.
No bairro Dr. Laureano, em Duque de Caxias, a dona de casa Clea Marília da Silva de Souza, de 59 anos, tem rede da Cedae, mas a água não cai há seis anos.
— Moro aqui na Rua Paulo de Frontin há 30 anos e essa tubulação da Cedae tem 25. No início, caía água de 15 em 15 dias. Meu sogro comprou uma caixa d’água de cinco mil litros para armazenar água para todo mundo, porque são quatro famílias no quintal. Há seis anos, não cai mais água da Cedae. O jeito foi furar um poço artesiano. Mas, para beber, a gente não confia — conta Clea, que gasta R$ 48 por mês comprando galão de água.
Resposta da Cedae
Técnicos da Cedae farão vistoria e medirão a pressão da água nas redes das ruas citadas nesta terça-feira (15/5). A companhia já está elaborando projeto para renovação da rede que atende a Rua Paulo de Frontin. Nos casos de locais onde não houver rede formal, a companhia vai elaborar projeto para assentamento de rede de abastecimento. Cabe informar que a Cedae orienta que todo proprietário, antes da construção, realize consulta junto à companhia a fim de saber se há redes de abastecimento e esgotamento no logradouro que possa atender o futuro imóvel. Solicitando a Declaração de Possibilidade de Abastecimento (DPA), certificado emitido pela Cedae, após consulta do empreendedor, é possível ter a garantia de levar a rede de água até a testada do imóvel.
Vale informa também que toda a região será beneficiada pelas obras já em andamento do Programa de abastecimento de água para a Baixada e pelo Novo Guandu, projetos orçados em R$ 3,4 bilhões que vão ampliar o abastecimento de toda a região da Baixada. Na última sexta-feira (11/05), foi inaugurado o Sistema de Abastecimento de Água de Cabuçu Baixo, em Nova Iguaçu, que vai ampliar o abastecimento de 51 mil habitantes de Cabuçu, Palhada, Valverde, Campo Alegre e Ipiranga.
Além deste, mais um sistema de abastecimento está em conclusão em Nova Iguaçu, Cabuçu Alto, com 98 % das obras concluídas e previsão de entrar em operação até junho. O sistema inclui um novo reservatório e um booster (conjunto de bombas que regula a pressão na rede) e vai melhorar o abastecimento de 34 mil habitantes de Campo Alegre, Jardim Palmares, Palhada e Riachão.
Via Extra