BELFORD ROXO - Os cabelos já ganharam os tons rosa, lilás, verde, azul, verde e vermelho, mas hoje estão pretos, longos e bem penteado...
BELFORD ROXO - Os cabelos já ganharam os tons rosa, lilás, verde, azul, verde e vermelho, mas hoje estão pretos, longos e bem penteados. Um dos lados da cabeça foi raspado algumas vezes, os olhos expressivos ficam por trás dos ósculos de aro largo, em destaque no rosto de pele cor de neve. Essa é a nerd Rayne Castro, 20 anos, estudante do curso de Gestão em Recursos Humanos, no campus Belford Roxo da Uniabeu.
Nascida e criada em Belford Roxo, atualmente moradora no Pilar, em Caxias, na Baixada Fluminense, Castro vivenciou a infância no universo das brincadeiras de sete primos. Quem vivia de cabelos em pé por conta disso era a mãe dela, Cátia dos Santos. Enquanto a ordem era brincar com bonecas e bambolê, a teimosa da filha queria jogar futebol, bola de gude, soltar pipa com os meninos. “Minha mãe não aceitava esse meu jeito moleque. Ela ficava brava e tentava evitar a minha aproximação, inclusive, com o videogame”, lembra Castro.
O envolvimento com a cultura nerd sempre esteve no dia a dia da estudante da Uniabeu. Para quem ainda tem dúvida quanto ao significado dessa palavra, Castro coloca luz no fim do túnel. “Na época do meu pai, Luiz Truta, nerd era o conhecido “CDF” da turma, o mais inteligente. Mas, hoje, o nerd é mais usado para definir a pessoa que curte temas como, por exemplo, tecnologias, ficção científica, ciências”, explica.
E Castro está no perfil da pesquisa que revela que mulheres já são maioria em jogos eletrônicos. A terceira edição da pesquisa, realizada pela Sioux, agência de tecnologia interativa, pela Blend New Research, e o GameLab da escola ESPM, com a participação de 2.848 pessoas, entrevistadas em 26 Estados e no Distrito Federal, mostra que as mulheres superaram os homens no mercado de videogame. Porém, o tempo que elas jogam é menor do que o do sexo oposto.
“A minha percepção é a mesma da pesquisa. Tenho muitas amigas que estão ligadas nos jogos eletrônicos. Eu mesma estou sempre com o celular por perto para jogar. Somando o tempo, já consumi seis horas do meu dia jogando”, conta Castro. Segundo ela, o objetivo é também dissipar o estresse. God of War é o jogo eletrônico de ação preferido da nerd Castro. Não chega a ser surpresa que 87,6% dos entrevistados disseram que jogam quando estão em deslocamento em algum meio de transporte. Afinal, é comum ver as pessoas mexendo os dedinhos em espaços públicos. Entre os ouvidos, 74,5% disseram que jogam durante o horário do trabalho.
De repente você pode estar se perguntando o que uma nerd estaria fazendo na área de RH. Mais uma vez a natural divergência de ideais entre mãe e filha existiu no momento da escolha da área profissional. A mãe sonhava com a filha jogadora de vôlei, mas Castro nunca se imaginou atleta. “Busquei o mercado de trabalho através do programa Jovem Aprendiz. Minha primeira experiência foi em uma empresa de Recursos Humanos, em seguida ocupei a função de estagiária. Meu desempenho foi reconhecido e fui efetivada na função de assistente de RH”, conta com satisfação.
Usando um look certinho, sem extravagâncias, a nerd foca no futuro e já planeja a pós-graduação logo que terminar a graduação em RH. “Eu me identifiquei com a área e, paralelamente, toco o meu lado empreendedor promovendo eventos. No dia 22 de maio, eu e o meu namorado, Mayck Ramilton, vamos realizar, em parceria com a Uniabeu, o ‘Anime Happy Party’, no campus Nova Iguaçu”, avisa Castro. Ela destaca que a iniciativa visa festejar o Dia do Orgulho Nerd, comemorado no dia 25 de maio.
A estudante da Uniabeu explica que o 25 de maio foi escolhido para o Orgulho Nerd por ser a data do lançamento do filme que se tornou símbolo da cultura nerd: Star Wars. “A partir dessa fita, houve mudança no cinema. Os efeitos especiais e a ficção deram outra forma, outra visão para a tela grande”, finaliza Castro.
Fotos Rodolfo Walter