BELFORD ROXO - Nem todos os pontos de ônibus da Avenida Presidente Kennedy, em Belford Roxo e Duque de Caxias, têm “abrigos”. Aliás, qu...
“Eram dois, de moto. Apontaram pistola na minha cabeça e na da minha nora. Diziam 'olha pro chão, não olha pra mim'. Tapa na cara. Arrancaram nossas bolsas e a mochila do meu filho. Tiraram celular, bilhete único e o pouco dinheiro que tinha. Eu nem ando com mais de R$ 20 agora. O ponto tinha mais gente, todo mundo paralisado. Quem é que vai se meter a correr? Pra tomar um tiro?”, lembra A., empregada doméstica.
Os bondes de moto arrancam o que tiver de valor e jogam bolsas e mochilas no chão, ali mesmo, na frente do alvo. Já os bondes de carro levam tudo, e aí se vão documentos, fotos de família, amuletos da sorte, o que tiver. Alguns terrenos baldios e campos de várzea da área de Campos Elísios são usados pelos bandidos para fazer a triagem do material recolhido e viram “cemitérios” de bolsas e mochilas. Às vezes são bondes mistos, de carros e motos, fazendo um arrastão por onde passam.
Os reféns do pavor às vezes registram nas delegacias. A diarista C., que já foi “limpada” três vezes, tentou fazer isso. Mas ouviu do policial: “A gente não tem viatura pra ficar rodando atrás desses bondes. E nem um policial para cada morador”. Vendo que ia só virar estatística, C. fez um acordo com os patrões e agora sai mais tarde de casa: “Depois de roubada três vezes e de ainda ser esculachada na delegacia, tive que mudar.”
Fonte: O Dia/ ALEXANDRE MEDEIROS
Edição Notícias de Belford Roxo
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