As obras de construção de 7,9 quilômetros de novas pistas marginais no trecho da Rodovia Presidente Dutra na Baixada Fluminense deveri...
As obras de construção de 7,9 quilômetros de novas pistas marginais no trecho da Rodovia Presidente Dutra na Baixada Fluminense deveriam acabar no próximo mês de dezembro. Mas viadutos inteiros e grandes trechos por concluir já fazem os motoristas duvidarem de que as intervenções serão concluídas a tempo. A concessionária CCR Nova Dutra garante que vai entregar tudo no prazo. Mas quem circula pela via, um dos principais acessos ao Rio, teme que os gargalos no trânsito demorem a ser solucionados, persistindo engarrafamentos que perduram o dia inteiro, independente de ser horário do rush ou não.
No início desta tarde, por exemplo, são três quilômetros de lentidão, no sentido Rio, na altura de Belford Roxo. E, em direção a São Paulo, mais dois quilômetros parados, entre São João de Meriti e Belford Roxo. Ambos os congestionamentos justamente em trechos onde ocorrem as intervenções.
Próximo à divisa de Mesquita e Nova Iguaçu, no sentido São Paulo, a localização de uma placa indicando detalhes das obras, iniciadas em agosto de 2010, ilustra bem a dificuldade para o cumprimento dos prazos. Ali, a pista marginal ainda é um caminho de pedras e barro. E logo atrás da placa, as estruturas de uma passarela de pedestres ainda ocupam o espaço por onde devem passar as novas faixas.
— Chega a dar desânimo ao ver tanta obra por finalizar e pensar no congestionamento que vou enfrentar até lá. Todos os dias, fico no mínimo 40 minutos parado pela manhã próximo ao trecho em que a antiga pista marginal (no sentido Rio) acaba e o fluxo é desviado para a pista central (expressa), na altura de Nova Iguaçu — reclamou o motorista Leonardo de Oliveira, morador da Baixada Fluminense.
Em direção ao Rio, são previstos 5,6 quilômetros de novas faixas marginais, entre Nova Iguaçu e São João de Meriti, do Km 176 ao 170,4. Já no sentido São Paulo, a previsão é de 2,3 quilômetros de novas pistas, entre Belford Roxo e Nova Iguaçu, do Km 173,7 ao 176, num pacote de R$ 123,7 milhões, com recursos do pedágio. E quando estiverem prontas, as obras prometem reduzir as filas de caminhões, carros e ônibus parados ou em marcha lenta.
Por enquanto, o trecho em que Leonardo costuma perder parte de sua manhã é um dos mais engarrafados porque quatro faixas (duas marginais e duas expressas) viram apenas duas. Dali para frente, as futuras pistas marginais ainda estão sendo aterradas e asfaltadas. Além disso, viadutos precisam ser construídos em diferentes trechos, como próximo ao bairro Jacutinga, em Mesquita. Com o excesso de veículos ou qualquer imprevisto, como um caminhão enguiçado, por exemplo, os congestionamentos são inevitáveis e agravados pelas obras que, em alguns trechos, estão muito próximas à pista.
Na última quinta-feira, por exemplo, uma equipe do Globo demorou uma hora e meia para percorrer 23 quilômetros, no sentido Rio, entre Queimados e o acesso à Linha Vermelha, em São João de Meriti. Velocidade média, portanto, de 15,3 Km/h, a partir das 15h. Segunda-feira, de Nova Iguaçu à divisa de São João de Meriti e Duque de Caxias, em direção ao Rio, foram gastos quinze minutos para percorrer um trajeto de seis quilômetros: velocidade média de 24 km/h, fora da hora de rush, a partir das 11h.
Já no sentido São Paulo, no bairro da Prata, em Belford Roxo, casas continuam no meio do caminho das obras. E as intervenções, que já duram cerca de um ano nesse ponto, atrapalham também o comércio.
— O movimento caiu pelo menos 70% desde o início das obras — afirmou Leandro Lima, frentista de um posto de gasolina às margens da Dutra. — Atrapalha ainda na hora de pegar um ônibus para ir para casa. Os pontos mais próximos estão a pelo menos um quilômetro de distância — reclamou ele.
A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) admite que houve atrasos no cronograma das obras devido a dificuldades operacionais. Mas afirma que a concessionária que administra a rodovia pretende agilizar os serviços restantes e terminá-los até dezembro.
Segundo avaliação realizada em agosto passado, a agência diz que 85% das marginais no sentido Rio foram executadas, assim como 90% em direção a São Paulo. E afirma que os trechos inacabados se referem basicamente a obras de pavimentação que são de execução mais rápida. A ANTT lembra, no entanto, que caso haja atrasos de responsabilidade da concessionária, a empresa pode ser multada.
Caminho alternativo à Dutra tem engarrafamentos e pistas mal conservadas
Seria uma boa alternativa para encurtar o caminho entre a Rodovia Presidente Dutra e a Zona Oeste do Rio e a região de Itaguaí. E, de quebra, para evitar os engarrafamentos da Baixada. Mas optar pela BR-465, a antiga Rio-São Paulo, que liga a Dutra, em Seropédica, à Avenida Brasil, na altura de Campo Grande, se transformou numa verdadeira loteria. Quarenta e três quebra-molas e pistas esburacadas e desniveladas, além de aumentar o risco de acidentes, têm contribuído para a formação de longos congestionamentos.
No pior trecho, no bairro Prados Verdes, em Nova Iguaçu, os engarrafamentos em direção ao Rio duram quase todo o dia. E como a estrada é muito utilizada por caminhoneiros, as carretas e caminhões predominam.
— Até no fim de semana engarrafa. O movimento é muito grande, mas há muitos buracos e quebra-molas. Perigo para os motoristas e para os pedestres. Atravessar a pista, de mão dupla, é um risco imenso. Costumam acontecer acidentes e atropelamentos aqui — conta o morador Robson Luiz da Silva.
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) reconhece que houve um aumento do tráfego na rodovia, que atualmente tem volume médio diário de 18 mil veículos, com grande movimento de caminhões e carretas. Ainda segundo o DNIT, com o atual estado de deterioração do pavimento, o surgimento de defeitos na pista é mais constante.
O departamento afirma, no entanto, que faz serviços de tapa-buracos na via. E que já há um projeto para melhorias na BR-465, que está em análise na Superintendência Regional do DNIT no Rio. O departamento informou ainda que os quebra-molas da via também serão removidos a medida em que forem implantados redutores de velocidade eletrônicos, serviço que está em andamento.
O Rio ainda convive com muitos gargalos em seus acessos. Este ano, a ANTT chegou a elaborar um relatório com as principais obras de infraestrutura que poderiam melhorar a circulação em seis rodovias federais do estado, administradas por concessionárias, com investimentos de aproximadamente R$ 2,5 bilhões. Mas alguns dos casos dependiam de aprovação justamente da ANTT.
É o caso de uma alça que deve ligar a Ponte Rio-Niterói à Linha Vermelha. Assim, o fluxo da Ponte para a Linha Vermelha não passaria mais pela Avenida Brasil, reduzindo os congestionamentos na altura do Caju. De acordo com a concessionária CCR Ponte, o projeto executivo já foi entregue à ANTT e as obras poderiam ser concluídas em até 20 meses. A concessionária informou que espera apenas uma autorização da agência para começar. Outro projeto, de um mergulhão na Praça Renascença, em Niterói, que melhoraria os acessos da Ponte à cidade, também aguarda resposta da ANTT.
Fonte: O GLOBO